terça-feira, 25 de setembro de 2012

Grandinho!


Post: O que torna você adulto?

Temos uma falsa ilusão de que ao completar 18 anos depois início à vida adulta já que somos responsáveis legais por nossos atos. Muitos se acham semi-prontos para dizer que são plenos adultos e ao completar 30 anos o ciclo de presunção se fecha, nada mais precisa ser feito para avançar já que os estudos e a vida profissional já estão traçados. Grande engano! Psicologicamente a maior parte das pessoas não está formada com os pré-requisitos básicos que uma vida emocional adulta exige se você não quer ser visto como um tolo.

Você só é um adulto quando age como um adulto de fato
1- Responsabilidades

A criança costuma ser poupada de prazos, datas, custos e compromissos. Até porque nem tem os recursos cerebrais capazes de identificar essa série de informações. O sentimento infantil, portanto, é poupado do lado prático da vida e ela é acostumada a viver num espaço psicologicamente protegido em que tudo pode acontecer e os seus sonhos são plenamente atendidos.

Os adultos precisam lidar com uma burocracia necessária para proporcionar conforto à si mesmo e os entes queridos ao seu redor. A felicidade tem um preço que não cabe apenas à boa vontade. É preciso assumir e responder por cada ação que você tenha.

A maior parte das pessoas foge das leis, das regras instituídas e foge do bom senso, além disso negligencia engrenagens como horários marcados, datas, prazos de entrega e gentilezas de bom convívio. Essa subversão aparentemente ingênua é tão nociva para a vida coletiva que numa escala maior causa muita confusão para o funcionamento de um país. Uma centena de milhões de engrenagens funcionando mal criam uma máquina ineficiente para gerar felicidade coletiva. O seu descaso com o relógio atrasa o mundo.

2- Problemas

Os problemas que uma criança tem são próprios dos que os pais expõe, o nível de simplicidade de absorção é bem diverso em lidar com um brinquedo ou outro onde nenhuma consequência.

A vida adulta tem problemas que devem ser encarados de frente e com responsabilidade, sem fugas ou improvisos.

Os adultos-crianças gostam de fingir que nada está acontecendo. Vivem no mundo da lua e tentando resolver um problema passando a batata quente para mão do vizinho. Para isso reclamam como bebê, culpam os outros, justificam cada atitude, enfim, não resolvem nada e seguem a vida brigando com fantasmas externos que ele cria e sustenta.

3- Negociação interna

As crianças não tem noção que seus desejos muitas vezes são incompatíveis com a realidade. Por isso pedem o mundo, cabe aos pais definir o que é plausível e possível ou não (coisa que a maioria não faz).

Os adultos precisam negociar internamente sobre o que tem vontade de fazer e o que deve ser feito. Obrigações sociais, financeiras, emocionais costumam ser vistas como pesos inúteis pelos infantilizados de carteirinha. Para o adulto de verdade as chamadas obrigações são atividades que denotam respeito pelos outros e empatia. Aquilo pode não ser interessante e importante para mim, no entanto é para os outros e por isso eu faço. Generosidade também é um atributo da vida adulta madura.

O adulto não resmunga, age.


4- Gerenciar nossa vida

As crianças são passivas quanto à sua agenda e a execução de seus objetivos, pois ainda não desenvolveram um senso especializado de organização. Estão reféns da agenda dos pais.

Para obter sucesso em qualquer área da vida os adultos precisam criar um método de execução de tarefas. Começo, meio e fim são palavras comuns aos adultos, mas para os que se acham adultos só existe começo, dificilmente meio e raramente fim. Deixam pontas soltas na vida o tempo todo.

O senso de praticidade é uma ferramenta fundamental para quem quer ser feliz e não espera as coisas cairem do céu. Organização de finanças, tarefas, projetos e objetivos de vida são parte essencial de sua jornada. Sabem para onde vão e criam meios para atingir seus sonhos.


5- Rotas de solução

As crianças costumam lidar com problemas que não exigem muito mais que algumas manobras.

Os adultos lidam com questões que demandam múltiplos passos. Portanto, se eles querem algo para si precisam trilhar um caminho que pode ser mais longo, mas que cheguem em solução definitivas.
Os adultos-crianças escolhem o caminho curto que na realidade nunca equalizam a questão real, ou seja, empurram a vida com a barriga. Usam mecanismos de defesa para fingir que tudo segue bem, quando na realidade sua vida é uma bola de neve ambulante.


6- Sustentar paradoxos difíceis

Ser criança é fazer escolhas leves, doces e encantadas. É preto no branco.

Na vida adulta precisamos lidar com paradoxos de difícil compreensão. O vazio existencial X o sentido da vida, o desejo X realidade, o ser X o ter, o coletivo X individual.
Para o sabichão de 5 anos emocional só pode uma coisa ou outra, tudo é excludente. Para o adulto é possível que realidades aparentemente contraditórias coexistam se ele perceber que não precisa optar por um ou outro. Dinheiro e felicidade podem viver lado a lado, vida centrada em si e no outro também.

7- Moral diferenciada

Na vida infantil a moralidade se faz entre regras que recaem em recompensas e punições, na adolescencia vai para escolhas certas e erradas e na vida adulta surge a clareza de valores e princípios que devem ser vistos com singularidade cuidadosa.
Para a criança emocional que habita grande parte dos adultos só existe um mundinho de regras criadas pelo pai e pelo seu grupo de convivência familiar e religiosa e ponto final. Tudo que saia daquele círculo de regras lineares e previsível é considerado pecado, imoral e erro. Não há questionamento, só regras prontas. Tudo o que elas leem é encontrado numa caixa ou em outra.

O adulto de verdade é um cientista e filósofo moral, precisa meditar e refletir com calma para fazer escolhas sensatas baseado em princípios que não são óbvios. Nada está pronto porque entende que apesar de existir uma tradição moral na prática ele precisa levar em conta cada particularidade da questão em jogo.

8- Egoísmo ou altruísmo

Crianças pensam em si e quando pensam nos outros é por si mesmas. Ela ainda não consegue pensar plenamente no outro pelo outro.

Os pseud-maduros estão o tempo todo pensando em seus próprios interesses excluindo radicalmente qualquer impacto que recaia sobre os outros. Quando pensam no outro fazem de forma utilitarista enquanto papéis que possuem. Não pensa no pai, na mãe, no marido, na esposa por si mesmos, mas pelo que vai recair sobre eles. Não pensa no bem-estar genuino dos outros, mas se aquilo vai afetar o seu conforto pessoal.

Se uma decisão sua for criar felicidade para o outro e não para si ele veta. O adulto de verdade é capaz de tomar decisões que incluam as pessoas a partir do ponto delas. Portanto, é capaz de liberar os outros de pesos pelo sua própria infelicidade. Se precisa deixar a pessoa amada partir para uma vida realmente plena uma pessoa madura deixa.

9- Direcionamento pessoal

Crianças vivem para satisfazer necessidades básicas de carinho, alimentação e interação social sem muito compromisso.

Adultos tem um direcionamento pessoal, um senso de propósito pessoal que o torna uma pessoa singular e não um indivíduo numa manada sem identidade própria.
O adulto tem uma responsabilidade pessoal pela sua vida e do planeta que vive, portanto, quer contribuir com algo mais do que pagar as próprias contas e se queixar do governo. Ele cria algo diferenciado para melhorar o mundo à sua volta. Não precisa salvar o planeta, mas uma realidade qualquer que esteja ao seu alcance. Ele poderia ficar calado como muitas pessoas que negligenciam os vizinhos, mas escolhe melhorar a qualidade de vida de todos que pudem.
O adulto de verdade tem um horizonte, que pode ser revisto de tempos e tempos, mas segue aquela filosofia pessoal como um lema e deseja deixar algum legado significativo. Não vive como uma bolinha pipocando sem rumo. Mesmo se permitindo momentos de incerteza ele tem uma sensação de plenitude interna


10- Nível de complexidade

O processo de amadurecimento é de constante complexificação. Soluções de hoje não funcionam amanhã pelo simples fato que novas realidades se mostram na medida que enxergamos mais longe.

As pessoas infantis são aquelas que continuam dando as mesmas respostas para questões novas e mais complexas. Ignoram o fato de que não é possível consertar um motor de carro só com prego e martelo.

Os adultos são aqueles que nunca se permitem paralisar no tempo e não acham que o passar do tempo garante maturidade espontânea, afinal existem muitos idosos imaturos. Fisicamente, emocionalmente, socialmente, intelectualmente estão sempre aperfeiçoando suas técnicas e estratégias.

Entendem que quanto mais pessoas envolvidas mais complexa é sua capacidade de decisão. Vida de solteiro é diferente de acompanhado e além disso com filhos e uma empresa. Aceitam o ônus que vem acompanhado de mais responsabilidade e até buscam isso, afinal gostam de desafios mais complexos e intrigantes.

11- Autonomia

A criança não tem autonomia para decidir e responder pelo que faz porque naturalmente não tem recursos físicos e psicossociais para gerenciar o impacto da realidade sobre si.

Os adultos-crianças também fingem que são incapacitados e querem sempre permanecer com algum nível de dependência dos outros mesmo tendo a possibilidade de agirem por si mesmos.
Procuram sempre os pais como sua muralha de segurança financeira, psicológica e social. Como consequência se sentem muito independentes quando na realidade são inconsequentes que assumem com dificuldade as reações de suas atitudes.

O adulto vive como se estivesse por conta, lógico que reconhece sua vulnerabilidade e necessidade de carinho, afeto e apoio, mas consegue sobreviver em situações que não é aplaudido, endeusado ou privilegiado. Seu ego é maduro o suficiente para cultivar uma interdependência saudável.


O problema, portanto, é que existem muitos adultos agindo como se fossem crianças exatamente porque quando criança queriam agir como adultos. Cada coisa a seu tempo, todas as idades tem sua beleza, nostalgia infantil não cabe mais. Para ter as alegrias da vida adulta é preciso usar dos mecanismos apropriados que só os adultos possuem.
Não espere que as pessoas tratem você como adulto se os meios que utiliza são de uma criança em formação

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